O dono da empresa, Antonio Celso Grecco, foi um dos presos.
Ele disse à PF que, num encontro em Brasília, Temer prometeu ajudar a
empresa a resolver uma pendência no Porto de Santos quando ainda era
vice-presidente. A Rodrimar havia vendido um espaço no complexo portuário à
Eldorado Celulose, do grupo J&F, mas o governo federal barrara a
transferência de mais duas áreas contíguas para a empresa dos irmãos Batista.
Além disso, a obra iniciada pela Eldorado estava atrasada e havia sido
embargada pela Codesp (Companhia Docas de São Paulo), estatal que administra o
porto. Grecco disse que, diante disso, esteve em Brasília com "pessoas da
Eldorado e tratou diretamente com a Vice-Presidência", sendo que "foi
apresentar o projeto de adensamento (integração das três áreas) para a
construção" de um terminal de celulose da Eldorado. "A resposta do
presidente foi simplesmente: vou ver o que vou fazer", contou Grecco no
depoimento.
Grecco foi o primeiro dos presos na Operação Skala a apresentar um pedido
de habeas corpus ao STF contra a decisão que o levou à prisão temporária. A
relatora sorteada foi a ministra Rosa Weber, que rejeitou o pedido.
Diante dos novos fatos, a procuradora-Geral da República avalia pedir
novos depoimentos, inclusive do presidente Michel Temer. Ele já prestou
depoimento, por escrito, em janeiro, por determinação de Barroso, a pedido de
Raquel Dodge.
Skala
A Skala investiga supostos benefícios à empresa Rodrimar na edição do
decreto voltado ao setor portuário. A operação prendeu 13 pessoas e fez buscas
e apreensões em 20 endereços.
Outras quatro pessoas foram intimadas a depor.
O presidente Michel Temer é um dos alvos do inquérito. A equipe SP-13, da
PF, chefiada pelo delegado Fábio Seiji Tamura cumpriu o mandado número 15 do
ministro Barroso.
A SP-13 descreveu em relatório anexado aos autos o material apreendido na
Rodrimar. O item número 7 se refere à Argeplan.
"Uma folha de papel contendo relação de empresas, entre elas,
Argeplan Arquitetura e Engenharia LTDA (encontrado no quarto andar - setor
jurídico)", relatou a PF. O nome do presidente é citado no item 20.
Coronel Lima é um nome emblemático da Operação Skala, muito ligado a Temer
desde os anos 1980 e 1990, quando o presidente exerceu o cargo de secretário da
Segurança Pública de São Paulo.
Ao autorizar a Skala, o ministro Barroso registrou que, para a Polícia
Federal, a empresa Argeplan "tem se capitalizado" com recursos de
empresas interessadas na edição do Decreto dos Portos e distribuído tais
recursos para os demais investigados.
Barroso citou que a PF chegou a essa constatação na análise dos documentos
colhidos tanto no Inquérito dos Portos, do qual é relator, quanto nos autos de
um inquérito que já tramitou no Supremo sobre o setor portuário e hoje se
encontra arquivado; Temer foi investigado nesse caso.
Para a PF, segundo Barroso, a análise conjunta dessas duas investigações
"permite concluir que a Argeplan, agora oficialmente com o Investigado
João Batista Lima Filho como sócio, tem se capitalizado por meio do recebimento
recursos provenientes de outras empresas - as interessadas na denominado
Decreto dos Portos -, e distribuído tais recursos para os investigados".
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