A pesquisa do Ibope foi realizada entre os dias 15 e 18 de março com
1.491 pessoas com mais de 16 anos, em 143 municípios de todas as regiões do
país.
Para a demógrafa e diretora da Faculdade de Ciências Econômicas da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Paula de Miranda Ribeiro, as
pessoas adiam os planos de ter filhos por razões diversas, como a maior
participação da mulher no mercado de trabalho e maior escolaridade. “Existe o
efeito tempo e quanto. Se eu tenho um filho mais jovem, tenho tempo para ter
mais filhos. Mas se eu tenho esse desejo e investi na carreira até os 40
[anos], eu posso não conseguir”, disse, explicando que o Estado não favorece as
boas condições para a mulher conciliar a maternidade com a vida profissional.
Segundo ela, sustentar materialmente um filho é uma coisa que custa
muito caro no Brasil. “Em países onde a saúde e a educação pública são de
qualidade, por exemplo, esse custo é menor para as famílias”, disse, explicando
que mesmo as pessoas com nível socioeconômico mais baixo tendem a ter menos filhos
para garantir condições melhores de vida.
O Nordeste é a região onde as pessoas estão mais abertas à
maternidade/paternidade, 19% pretendem ter filhos biológicos e 3% querem adotar
uma criança. Lá, 76% não pretendem ter filhos. Na Região Sul, apenas 11%
pretendem ter filhos biológicos, e 87% não pretendem nos próximos dois anos.
No Sudeste, 18% querem filhos biológicos e 2% querem adotar; 77%
não pretendem ter filhos. No período de dois anos, nas regiões Norte e
Centro-Oeste, 16% dos entrevistados pretendem ter filhos, por meio de uma
gravidez e 1% por adoção; 82% não querem filhos.
Parto natural ou cesária
Entre os que pretendem ter filhos, 76% querem o parto normal em uma
maternidade ou hospital, e 3% querem o parto em casa. Mesmo no caso de uma gravidez
sem complicações, ou seja, quando não há risco nem para a mãe e nem para o
bebê, 20% pretendem fazer uma cesariana.
Para a demógrafa da UFMG, isso tem implicações na saúde pública. De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, a taxa ideal de cesáreas deve ficar
entre 10% e 15% de todos os partos realizados.
“Quando olhamos os critérios socioeconômicos, são as pessoas de renda
familiar mais alta que querem cesárea, pois acaba sendo um conforto fazer o
parto com o médico da sua escolha”, disse Paula. “Em outros países não é assim,
essa preferência pelo parto cesáreo acontece só aqui e são uma escolha. Nos
Estados Unidos, por exemplo, isso jamais seria uma pergunta”, explicou.
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