O maior
cartão postal de Viçosa do Ceará, na Serra da Ibiapaba, é também o ponto mais
alto do Município. A Igreja do Céu, erguida no topo de um morro, está a cerca
de 900 metros de altitude, o que proporciona uma imagem total da cidade, de
encher os olhos. A vista de boa parte da serra, aos pés da imagem do Cristo
Redentor, esculpido em 1937, faz da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias um dos
maiores atrativos turísticos da região Norte. Ao visitar o lugar, se percebe a
força da devoção católica, que amplia o espírito de contemplação à natureza. E
para chegar a esse pedacinho do céu, o acesso pode ser feito de veículo, por
rua asfaltada, ou a pé, o que exige certo preparo físico e muito fôlego. Com
324 degraus, a escadaria é um desafio à parte para aqueles que buscam um
passeio com dose de adrenalina.
Visitas
Após uma
série de reformas em sua estrutura, o Polo Turístico, Artesanal e Cultural
Igreja do Céu foi reaberto ao público no fim de janeiro. "Acredito que
cerca de duas mil pessoas têm visitado o Polo da Igreja do Céu, desde que foi
reaberto. Cerca de 70% dos visitantes são provenientes do Piauí, além de
cearenses de diversas cidades que procuram este espaço, aberto durante toda a
semana, até por volta das 22 horas. A estrutura oferece atendimento de
lanchonetes, restaurantes e lojas com venda de artesanato local", explica
Carlos Fontenele, administrador do Polo. Entre os visitantes, Amália Dias (58)
se disse realizada ao conhecer o famoso equipamento. "Eu sou uma
apaixonada por esse tipo de passeio, que reúne a contemplação à natureza e a
renovação da fé católica. Sempre quis vir aqui, e posso dizer que superou
minhas expectativas", disse a aposentada que veio de Teresina (PI) para
três dias de passeio pela cidade serrana de clima ameno.
Focado na
valorização da cultura, da gastronomia regional, e nas belezas naturais, o
município de Viçosa, criado na Serra da Ibiapaba, em 1882, com pouco mais de 60
mil habitantes, mantém preservado como parte de seu patrimônio histórico, a
imponente arquitetura de seu casario antigo.
Casarões
Espalhados
pelas praças, ruas e avenidas, os imóveis convidam a uma viagem no tempo,
misturados à paisagem urbana que a modernidade trouxe com o avançar do tempo.
Entre os pontos de maior concentração de turistas, estão as praças General
Tibúrcio e Clóvis Beviláqua, estando essa segunda, erguida à frente da Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Assunção. O prédio, construído em 1759, foi tombado
em 2002 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Licor
Com
temperatura que varia entre 20°C a 30°C, a cidade convida o visitante a
conhecer suas peculiaridades em um passeio demorado por suas ladeiras e
declives. Nas proximidades da Igreja Matriz, a Casa dos Licores abre suas
portas para grupos de pessoas que apreciam este tipo de bebida. Expostas em uma
mesa, as doses são degustadas com biscoitos finos ou a famosa peta, biscoito de
polvilho que também leva leite, óleo e água. "Não tem coisa melhor, depois
de uma caminhada pela cidade, tomar o saboroso licor de Viçosa acompanhado com
a peta. Sempre que venho aqui na Casa de Licores experimento novos
sabores", diz o funcionário público Miguel Silva (50), que comprou duas
garrafas da bebida, nos sabores graviola e "canela de cunhã", planta
a qual são atribuídas propriedades medicinais e afrodisíacas.
A visita é
feita ao som de pífanos, que dão um certo ar de lirismo ao lugar. "A
atividade, iniciada com meus pais, existe desde a década de 90, mas em 2005
ampliamos o serviço. Hoje oferecemos 86 sabores de licor, além de geleias e
doces, sempre tendo como base as receitas de minha mãe", explica Teresa
Cristina Mapurunga, que recebe as pessoas com um largo sorriso, enquanto conta
as histórias do lugar.
A cachaça
serrana também é bastante apreciada. As chamadas cachaçarias artesanais se
espalham pela zona rural de Viçosa. Há cerca de 30 anos, Eudes Mapurunga passou
de apreciador da bebida a fabricante. Após aprender a técnica mineira de
preparo, o empresário se lançou no novo mercado com determinação.
Hoje,
durante a safra, que vai de julho a dezembro, ele chega a produzir cerca de 30
mil litros, que descansam sem pressa em tonéis de madeira, antes de serem
engarrafados. "Nossa cachaça é tradicional. O segredo está na fase de
fermentação e destilação, o que dá essa qualidade que nos diferencia. Temos
clientes no Ceará, e estamos ampliando esse serviço ao Estado do Piauí. O ano
inteiro recebemos visitantes aqui no Sítio Vambira, a cerca de 12 quilômetros
da sede de Viçosa", detalhou.
Festivais
Em Viçosa
do Ceará, o mês de julho é considerado não apenas o período de maior visitação
de turistas, por conta das férias, mas o mês dos festivais, o que impulsiona
uma maior movimentação de pessoas na cidade. Logo no início do mês, entre os
dias 1º e 3, a maior atração de Viçosa é o Festival Mel, Chorinho e Cachaça.
Criado em 2007, o festival já é referência nacional no que diz respeito à
participação de grupos de choro de todas as regiões do País.
Outra
atração popular é o Festival Música na Ibiapaba, realizado pela Secretaria da
Cultura do Estado do Ceará (Secult), entre os dias 23 e 30, do mesmo mês.
O projeto,
com quase 15 anos de existência, se tornou referência musical no Estado do
Ceará, atraindo turistas e artistas de diversas partes do Brasil. Neste período
são promovidas mais de 45 atividades, entre oficinas, palestras e workshops
voltados a estudantes e educadores musicais.
"A
economia de Viçosa do Ceará tem no turismo um ponto importante. É uma ramo que
vem crescendo a cada ano. Todo esse complexo, que reúne a Igreja do Céu, o
casario, as bebidas tradicionais, a comida e a natureza, dá um ar diferenciado
à cidade. É um passeio de característica bem familiar. E tudo isso atrai cerca
de 80 mil pessoas por ano", revela Aníbal de Sousa, secretário de Turismo
de Viçosa do Ceará.
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