No próximo
dia 17 de março, os cidadãos de Cascavel, a 69 km de Fortaleza, irão às urnas
decidir quem será o novo prefeito do município. Por enquanto, o Executivo da
cidade está sendo liderado interinamente por Sebastião Uchoa (PDT), presidente
da Câmara dos Vereadores. De acordo com moradores da região, antes de entrar na
política o parlamentar trabalhou como motorista da ex-prefeita Ivonete Pereira
(PDT).
Ela e o
vice, Waltemar Matias (PDT), tiveram a chapa eleitoral cassada. No último dia
28 de janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) negou recurso
apresentado pela defesa de Ivonete, manteve a decisão da primeira instância e
ordenou o imediato cumprimento.
A
eleição
Escolhida
por 20,1 mil eleitores, a chapa liderada pela pedetista recebeu 52,69% dos
votos válidos, conseguindo reelegê-la. Contudo, a condenação que pesa contra
ela e o companheiro de legenda por abuso do poder político envolve o período
pré-eleitoral.
Eles foram
considerados culpados pela Justiça Eleitoral após suspeita de terem contratado
número excessivo de servidores temporários e comissionados, além de estagiários
admitidos por meios fraudulentos no ano eleitoral. Também recai contra a chapa
suposto repasse irregular de recursos públicos à Associação dos Universitários
de Cascavel, favorecendo grupo de jovens que apoiavam o partido dela.
As
denúncias ainda incluem liberação em quantidade desproporcional de benefícios
previdenciários em 2016, ano da eleição. Por fim, Ivonete e Waltemar teriam
usado ônibus escolares municipais irregularmente na campanha para divulgação da
candidatura.
Briga
na Justiça
“A chapa
dela não conseguiu comprovar que essas contratações tiveram motivos
excepcionais, então ficou comprovado que tinha cunho eleitoral, tanto que após
as eleições ela demitiu os funcionários contratados no período pré-eleitoral)”,
acusa Tiago Ribeiro, advogado e candidato derrotado a vice-prefeito da
coligação “O povo no poder” em 2016.
Argumento
semelhante é apontado pelo advogado da chapa “A verdadeira mudança”, também
derrotada nas eleições daquele ano e responsável por apresentar a denúncia na
Justiça Eleitoral. Pedro Teixeira Cavalcante Neto ressalta ainda que a decisão
do TRE-CE deixa Ivonete e Waltemar inelegíveis por oito anos.
Na
segunda-feira, 4, a ex-prefeita se pronunciou por meio de redes sociais. Ela
disse que irá recorrer da decisão judicial. “Esclareço aos cascavelenses que
exercerei o meu direito constitucional de recorrer. É nosso dever buscar a
justiça com a mesma determinação com que lutamos para desenvolver esta cidade”,
disse. Na nota, a prefeita afirma ser inocente das acusações. “Sempre procurei
dar passos honrados e dignos na minha vida pessoal e administrativa”.
Novas
eleições
Já na
sexta-feira, 8, o TRE-CE publicou resolução tratando das novas eleições. O novo
representante escolhido pela população terá mandato até o dia 31 de dezembro de
2020. O POVO Online esteve em Cascavel no mesmo dia para ouvir a população
sobre a nova disputa eleitoral.
Poucos
moradores quiseram comentar alegando desconhecer a atual situação do Executivo
do município. Alguns também disseram não saber das novas eleições. Aqueles que
toparam conversar com a reportagem, sob condição de anonimato, afirmaram que o
“caminho natural” é que o prefeito interino, Sebastião Uchoa, será candidato à
Prefeitura.
De acordo
com eles e com o advogado da chapa adversária, Tiago Ribeiro, o político exerce
o primeiro mandato político, mas tem longo histórico de proximidade com a
família da ex-prefeita e de seu esposo, o também ex-prefeito Paulo Cesar Queiroz
(à época, PSDB). “Ele tinha concorrido antes à Câmara, mas perdeu, agora se
elegeu e já foi logo presidente, agora está como prefeito”, disse um dos
moradores. “É tudo farinha do mesmo saco, ele era motorista dela e do marido,
está tudo em casa”, completou outro eleitor da cidade.
Silêncio
Carlos
Eduardo Maciel Pereira, advogado da chapa cassada, foi procurado na última
sexta-feira, 8, e na segunda, 11, após o TRE-CE estabelecer a data das novas
eleições. Nas duas ocasiões ele disse que preferia não comentar o caso,
limitando-se a dizer que a Ivonete alega total inocência diante das acusações.
O POVO
Online também procurou a ex-prefeita e o atual prefeito interino quarta-feira,
6, quinta-feira, 7, e sexta-feira, 8. A reportagem ligou em variados horários e
turnos durante os três dias, enviou mensagens para os dois e visitou a
Prefeitura e a Câmara de Cascavel, mas eles não foram encontrados e não
responderam as mensagens, chamadas e solicitações de entrevista.
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